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Etnomídia Indígena, já ouviu falar?

Reprodução: Socialista Morena (http://bit.ly/2kjQqwc)

Diversos são os caminhos que nos chamam a atenção quando assunto envolve os meios de comunicação e a representação de agentes políticos e sociais na dinâmica brasileira, não só na Publicidade Social, mas também na Comunicação Comunitária. Instigar a formação de meios de comunicação que representem um todo social não midiatizado pelos meios de comunicação hegemônica é o que forma os dispositivos midiáticos focalizados na construção de uma comunicação horizontal, participativa e dialógica.


Este é também o objeto de estudo do Laboratório de Comunicação Comunitária e Publicidade Social (Laccops) e particularmente de alguns pesquisadores de doutorado, mestrado e graduação vinculados ao Laboratório.


Nesta primeira publicação sobre as pesquisas dos membros do Laccops iremos falar sobre a Etnomídia e como suas estratégias de comunicação e a publicização de suas necessidades políticas tem tido importante papel na luta por seus direitos frente ao governo, e pela desmistificação de suas culturas frente a sociedade.


Através de canais de comunicação étnica, grupos indígenas e quilombolas têm levantado suas pautas e midiatizado suas lutas e enfrentamentos no campo, principalmente graças ao desenvolvimento das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação e da velocidade das Redes Sociais. Mas não é apenas pela gestão étnica de seus meios que sua comunicação se caracteriza como etnomidiática, acreditamos que a maneira como organizam seus fluxos linguísticos e conduzem a produção de suas pautas é característica fundante no desenvolvimento deste jornalismo horizontal, participativo, colaborativo e comunitário.


É preciso que cada vez mais meios de comunicação étnica e horizontal surjam no cenário mundial, e que conheçamos todos os dias o que Povos Tradicionais querem nos ensinar, a transformação de nossos saberes através deste resgate às bases fundantes da nossa sociedade tem se mostrado o caminho mais humano e eficaz para a formação de um futuro.

Compactuamos com Jesús Martín-Barbero (2004) no que concerne ao desenvolvimento da comunicação comunitária na América Latina, quando afirma que este seja, cada vez mais, um caminho antropológico, que divide territórios culturais e expõe saberes plurais na construção de uma nação multiétnica. Assim, a comunicação se dá em um local de disputa, onde “pensar a política desde a comunicação significa propor em primeiro plano os ingredientes simbólicos e imaginários presentes nos processos de formação de poder” (Martín-Barbero, 2004, p. 225).


Entretanto, para nós, a etnomídia se estabelece como um caminho de luta social frente às relações de dominação, tendo em si características únicas, que se estabelecem na formação cultural e identitária de seus povos e, desta maneira, alteram as rotinas produtivas pré-estabelecidas pela formação do campo comunicativo, sejam elas indígenas, quilombolas ou ribeirinhas.


Enquanto etnomídia indígena a Web Rádio Yandê – meu objeto de estudo – possui particularidades fundamentais que nos fazem duvidar se esta seria apenas mais uma rádio comunitária no cenário midiático nacional e internacional, isto porque sua maneira de produzir se diferencia de todo o tipo de comunicação analisada, suas rotinas de informação e seus fluxos linguísticos superam fronteiras que nos levariam a concebê-la como um meio de comunicação popular/alternativa ou comunitária. Estamos diante de um cenário comunicativo diferente das organizações produtivas que conhecemos, e um cenário que tende a se desenvolver em larga escala, levando em consideração suas colaborações editoriais que chegam de todos os cinco continentes e de suas fortes parcerias, que se estabelecem pelo vínculo da resistência e da necessidade de luta em sua frente comunicativa e política.


O que se têm é uma nova maneira de se fazer comunicação, que se estabelece primordialmente no que Roseli Caldart (2000) define como “Enraizamento Projetivo”, ter firme suas raízes e a certeza de sua ancestralidade, que pode projetar-se, utilizando dos meios não-indígenas mais modernos possíveis, para fazer valer a justiça social e a decolonização do saber e da vivência dos Povos Originários.


Letycia Nascimento

Jornalista

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano | UFF

Membra da Equipe Laccops

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