Por Simone Lopes
Minha trajetória no Grupo Eco começou em 1996, quando entrei pelo Grupo de Teatro Eco. Desde então, participei de inúmeras atividades, mas meu foco sempre esteve na comunicação. Quando cheguei, o Grupo Eco já tinha uma história sólida na comunicação comunitária, com iniciativas como o jornal Eco, a TV Favela e o uso criativo do alto-falante.
Além do teatro, aprendi a editar vídeos para a TV Favela, com apoio de amigos suecos que nos apresentaram ferramentas e técnicas, mesmo que os materiais fossem em sueco! Isso nunca nos desanimou. Também me envolvi nas edições do jornal Eco impresso, que era publicado duas ou três vezes ao ano, trazendo à tona temas relevantes para a nossa comunidade.
Em 2002, iniciei meus estudos nas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com o objetivo de aprofundar meu conhecimento em comunicação comunitária. Para o Grupo Eco, comunicar é “ecoar suas ideias”. Nosso jornal impresso foi, por anos, um canal essencial de diálogo com os moradores da favela Santa Marta, abordando questões como a falta d’água, o custo da energia elétrica, a violência policial e os mutirões comunitários. Ele também incluía notícias externas, sempre conectando o que acontecia no mundo com a realidade local.
Infelizmente, em 2009, tivemos que suspender a publicação do jornal impresso por falta de recursos. Durante um tempo, brincávamos que ele estava “na UTI”, mas hoje é mais honesto dizer que entrou em “coma profundo”. Mesmo assim, a comunicação do Eco não parou.
Em 2010, participei da criação da Rádio Comunitária do Santa Marta, com o programa “A Voz do Morro”. Apesar do grande impacto e do sucesso inicial, a rádio teve vida curta: menos de um ano. Foi fechada no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, quando seu coordenador foi preso pela Polícia Federal.
Outro marco importante foi a TV Favela. Após o encerramento da antena coletiva em 2004, buscamos novas formas de ecoar nossa produção, como telões montados dentro da favela e participações em festivais, como o Tangolomango e o Festival de Cinema do Rio. Em 2011, a TV Favela migrou completamente para o YouTube, consolidando o canal TV Favela/Grupo Eco como um espaço de expressão e resistência.
Fazer comunicação comunitária é disputar narrativas diariamente. É mostrar quem somos, valorizar o potencial das favelas e legitimar as vozes de quem vive as dificuldades, sempre com a perspectiva de quem está na base. É também preservar nossa história e contá-la com a autenticidade que só nós podemos oferecer.
Hoje, estamos empenhados em uma campanha para arrecadar doações através de uma Vakinha online, com o objetivo de realizar a 46ª Colônia de Férias Eco, em janeiro de 2025. Este projeto, que já impactou gerações de crianças e jovens no Santa Marta, é um exemplo da construção coletiva baseada nos princípios da comunicação comunitária desenvolvida pelo Grupo Eco.
Atualmente, nossos meios de comunicação incluem:
• Alto-falante: Para avisos instantâneos sobre contas, correspondências e acontecimentos locais.
• Cartazes: Espalhados estrategicamente pela favela.
• Redes sociais:
• Instagram: @grupoeco.stm
• Facebook: Grupo Eco
• YouTube: TV Favela/Grupo Eco
O Grupo Eco continua sendo uma força transformadora no Santa Marta, resistindo e inovando em seus 46 anos de existência. É uma prova de que comunicação comunitária não é apenas uma ferramenta; é uma forma de construir cidadania e transformar realidades.
Sobre a autora: Simone Lopes, 49 anos, mãe, Participa do Grupo Eco desde 96. Tem formação em jornalismo e artes cênicas. Atualmente trabalha voluntariamente no Grupo Eco, no Centro Espírita Seara Fraterna e em casa.
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