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Foto do escritorEquipe Laccops

Publicidade Comunitária: Uma Ponte para a Transformação Social

Por Profª Zilda Martins


“Como a publicidade pode dialogar com a comunicação comunitária?” 


Essa foi a pergunta que me intrigou em 2008, quando cheguei ao LECC – Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária, da ECO/UFRJ. Lá, Muniz Sodré me apresentou a Patrícia Saldanha, uma pesquisadora que logo se tornaria uma referência para mim. Patrícia, braço direito da coordenadora do LECC, Raquel Paiva, atuava como vice-coordenadora, liderando projetos e promovendo uma infinidade de eventos, sempre com uma energia admirável.


Patrícia tinha uma visão revolucionária sobre publicidade. Em suas mãos e em sua mente, essa área do conhecimento, frequentemente associada ao mercado consumidor, tornava-se algo completamente novo. Ela propunha uma publicidade contra-hegemônica, empírico-comunitária, com potencial para transformação social. Em seus projetos, via nas lideranças de jovens moradores de favelas um vigor criativo ancorado no afeto e no coletivo.


Lembro-me de um telefonema em que Patrícia, cheia de entusiasmo, compartilhava sua ideia de projetos que suprissem o vazio deixado pelo Estado em espaços periféricos. A publicidade comunitária, como ela defendia, não era apenas um instrumento de comunicação, mas uma ferramenta poderosa para mobilizar moradores, atrair oportunidades e formar lideranças. Era, como ela dizia, uma forma de devolver sonhos a jovens potentes, muitas vezes invisibilizados pelo Estado e pela mídia.


Infelizmente, a necropolítica praticada contra esses jovens – em especial os negros e moradores de favelas – interrompe trajetórias que poderiam transformar a sociedade. Mas a publicidade comunitária, nos projetos sociais, resiste a essa lógica. Ela cria possibilidades, fomenta redes de apoio e oferece uma visão de futuro, algo que Patrícia sempre enfatizou em suas práticas.


Patrícia não apenas teoriza a publicidade comunitária; ela a vive. Sua trajetória no LECC foi apenas o começo de um legado que se estende até hoje, agora no LACCOPS, na UFF. Sua metodologia, enraizada no diálogo, no afeto e na criatividade, segue inspirando novas gerações e transformando realidades. Apesar de construir novas parcerias, Patrícia nunca deixou o LECC para trás. Continuamos nos encontrando em congressos, celebrações e redes sociais, e é sempre com alegria que percebo como sua força permanece intacta.


Hoje, ao comemorarmos os 10 anos do LACCOPS, celebramos também essa jornada de criações, projetos e ideias que Patrícia ajudou a consolidar. Seu trabalho é um exemplo de como a comunicação pode ser uma ferramenta de cidadania e transformação social. Salve, Patrícia! Salve o LACCOPS e sua contribuição fundamental para a construção de um mundo mais justo e inclusivo!


Sobre a autora:

Zilda Martins é Doutora e Mestre em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ), sob a orientação do professor Muniz Sodré. Doutorado sanduíche (stage doctoral) na École des Hautes Études en Sciences Sociale - EHESS, sob a orientação do professor Marc Abélès (bolsista do CNPQ). Pós-doutorado pela EHESS (bolsista CAPES). Dialoga com temas como comunicação, mídia, comunidade, hegemonia e contra-hegemonia, focando em relações raciais, ações afirmativas, cotas raciais e Negritude. É pesquisadora do Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária da ECO/UFRJ (LECC), fundadora e uma das coordenadoras do Grupo de estudos Muniz Sodré sobre Relações Raciais.


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