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Providência emergente contra Covid-19.

por Fatinha Lima





Com a chegada da pandemia, não dava pra seguir com as sessões de cineclube, portanto, a missão passou a ser organizar e promover arrecadação/doação de cestas básicas junto a outros coletivos do território, pra apoiar os moradores do Morro da Providência e Morro do Pinto, pois a grande maioria sobrevive em trabalhos informais e não teriam quem garantisse o seu sustento pra que este, se isolasse e pudesse isolar sua família. Não é do nada que a primeira morte no estado do Rio de Janeiro, tenha sido uma doméstica que pra chegar ao local de trabalho, atravessava dois municípios, gastando três horas de sua vida na ida e três na volta, em ônibius coletivos pra chegar ao trabalho no Leblon e foi contaminada pela patroa que voltava da Itália e que teve acesso ao tratamento e sobreviveu.

A covid 19 deixou explícito que o capitalismo não deu e nunca dará, pois é baseado na exploração e exclusão das pessoas a qualquer preço, onde prevalece uma lógica de lucro acima da vida, por isso precisamos lutar por uma sociedade pautada na solidariedade e direitos humanos.Foram muitas pessoas precisando e muitas doado o que podiam para apoiar. O Favela Cineclube e o Viaduto Literário, juntos, criaram diversas estratégias de enfrentamento à pandemia para apoiar as famílias, buscando garantir o isolamento das pessoas da favela e das periferias, num momento em que as pessoas muitas vezes não dispõem de água potável para lavar as mãos ou recursos para bancar álcool em gel, máscaras e que não são acolhidas ou amparadas pelo poder público.O gabinete de crise da Provi, reunia todos os coletivos que atuam na zona portuária, mais a associação de moradores da providência, os o pré-vestibular Machado de Assis, que ocorre ali na Igreja do Livramento, juntando a maioria dos principais ativistas aqui da região, concentrados nesse grupo, que a gente integrava. E para além disso, a gente se organizava com a Marcinha, no Viaduto Literário.


Coletivos unidos - Gabinete de Crise da Provi em ação. de porta em porta. Conversando, testando e orientando.



Na verdade, ela puxou o bonde da arrecadação das cestas básicas, depois a gente colou com o trabalho mais voltado para comunicação mesmo. A questão da cartilha, o fechamento dos arquivos de som da Fundação Oswaldo Cruz, com uma linguagem pra favela, né? A campanha "Se liga no coronavirus", que a gente tocava na caixa de som enquanto andava. E a questão da distribuição das máscaras e tal e também, a nossa preocupação com a questão política.A Favela deu baile.





Da esquerda para a direita: Foto 1 Primeiro aniversário. Agosto/2017. Foto 2 Estreia Cineclube AGO 2016. Foto 3 última sessão presencial.


A união e o afeto prevaleceram. Com o apoio de outros coletivos e de instituições como o Laccops-UFF, que contribuiu na elaboração de uma cartilha com orientações de prevenção em linguagem acessível e simples para favelades, conseguimos diminuir o impacto da pandemia na favela, o que foi fundamental pra gente ter perspectiva de vida e manter a esperança. Foram muitos desafios e muitos ainda estão por vir até que a vacina chegue em nós, por isso, seguimos organizados e unidos, em busca de superação e sobrevivência. Tenhamos em mente este desafio, pois precisamos estar preparados e fortes para superá-los.


Sobre a autora: Fatinha Lima, nordestina, sapatão antiproíba, favelada e ativista no Favela Cineclube.


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